sábado, 12 de junho de 2010

Domingo XI do Tempo Comum ano C

A pecadora que chora aos pés de Jesus e os enxuga com os cabelos em casa do fariseu Simão
A confissão (sacramental) é um acto de humildade. Muitos não são capazes!
Quem não quer reconhecer os seus pecados vai-se justificando com desculpas superficiais. Vai dizendo (aos outros e a si mesmo, enganando-se a si próprio) que não tem pecados, mas apenas erros normais, porque “errar é humano”…
«A tua fé te salvou: vai em paz.» Apesar das desculpas fáceis, o remorso persiste: só o reconhecimento do mal que fizemos e a aceitação do perdão de Deus é que nos trazem a paz.
A mentalidade de Simão fariseu é a mentalidade:
- De quem está convencido que não erra, porque cumpre escrupulosamente todos os seus preceitos religiosos;
- De quem está convencido que consegue comprar a salvação com as suas obras, por mérito próprio;
- E de quem se acha autorizado a julgar outros porque acha saber com toda a certeza se estão salvos ou condenados.
Era também a mentalidade de Paulo, até descobrir Jesus Cristo e chegar à conclusão de que a salvação é dom que Deus nos dá e que nos dá de graça: não é uma conquista nossa, não somos nós que a compramos com os nossos méritos. São Paulo descobre que a salvação não está em cumprir à risca os preceitos da pureza legal, descobre que a Lei não salva: a Lei só aponta um caminho; a Lei é apenas um juiz que me indica que errei aqui e ali, neste e naquele preceito. Mas não me dá o perdão por eu ter falhado neste ou naquele ponto; indica-me que falhei ali, mas não me absolve. O perdão só Jesus Cristo é que mo pode dar. Só Ele é que o dá e dá-o de graça. Dá-o de graça porque eu não o mereço: eu sou um pecador do pior! Um miserável que faz maldades! Mas Ele ama-me mesmo assim, perdoa-me de graça porque me ama. A salvação é grátis porque não é fruto de eu a merecer, mas porque Deus ma dá apenas e só porque me ama.
Então o que é que falta para esse perdão acontecer?
Falta saíres da tua casca.
Falta aceitares esse perdão.
Falta deixares de ser convencido e de te enganares a ti próprio a dizeres que não tens pecados.
Falta não teres vergonha de te ajoelhares à frente de Jesus Cristo sem medo de Lhe chorares aos pés.
E falta deixares de ver os outros pecadores (pecadores como tu! e tu como eles!) com olhos de maldade e de condenação para os começares a olhar com os mesmos olhos com que Jesus os olha.
Só é perdoado quem ama.
Falta começares a amar, porque só ama quem é capaz de pedir perdão. E só consegue perdoar quem já se sentiu necessitado de perdão.
Se amas verdadeiramente a Deus então vais conseguir admitir que fizeste aquilo que é mal. Porque se O amas sentes que Ele te ama. E por isso não vais ter medo de te apresentar manchado diante dEle. Vais apresentar-te diante dEle como és, para pedir perdão, e não para te orgulhares inutilmente dos teus alegados méritos.
E vais começar a olhar os outros de maneira diferente, porque quem sente a alegria do perdão ama e perdoa. Porque reconheces a compaixão de Deus e vais viver também essa compaixão quando olhares os outros.
Jesus, Coração de bondade, perdoa-nos e faz-nos participar da tua compaixão.
Bibliografia: José-Román Flecha, Mesías y Señor, Edibesa.

1 comentário:

Maria Aida disse...

Gostei muito do teu texto.E uma delicia é como ter bebido um copo de água fresca quando estamos com muita sede.Bjs. Maria Aida