quarta-feira, 1 de abril de 2009

Nos dentes da minha forquilha


Um homem, que por acaso já morreu,
Vira-se ao Padre do Colmeal,
Que, coitado, também já morreu,
De rosto muito sério e natural:

«Senhor Prior, estamos na Quaresma:
Faremos penitência em tudo!
Mas ficou-me um pedaço de carne
Preso nos dentes desde o Entrudo...

E, então, venho perguntar-lhe,
Uma vez que o tenho lá,
Se seria, agora, pecado
Se eu o fosse comer já...»

«Se lá ficou pelo Entrudo
Acaba o que está começado:
Sossega e vai em paz,
Pois não é nenhum pecado!»

«Muito obrigadinho, Senhor Prior!
Estou-lhe muito agradecido!
Nos dentes da minha forquilha

Há um presunto a ser comido!...»
Orlando Guerra Henriques

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Orlado
Já agora, aquela estória estre um alentejano e um algarvio sobre o burro que regulava as horas de levantar da cama e docomeço do trabalho, que o Orlando Henriques de Celavisa contou, também ficava aqui para a posterioridade.
Acho que não ofenderia ninguém.
Abração