quinta-feira, 26 de março de 2009

Matrimónio, a sacramentalidade de um sacramento diferente

Sempre me pareceu, desde que estudei Sacramentologia, que, cientificamente, este sacramento é curiosíssimo, porque é um sacramento diferente dos outros. É estranho, é surpreendente, é fora do normal, é invulgar… Na verdade, o matrimónio é uma instituição natural, que já existia antes de Cristo e continuou a existir fora do cristianismo, e o que faz com que esta realidade, à partida não cristã, seja um sacramento é o facto de ser realizado por baptizados! É um sacramento que “baralha” um pouco o esquema do hilemorfismo enquanto aplicado aos sacramentos, porque não tem uma matéria palpável (nem água, nem pão, nem vinho, nem óleo, nem sequer um gesto, como a imposição das mãos na ordem), mas apenas o consentimento dos esposos! É também pelo facto de o matrimónio se realizar pelo consentimento dos esposos que esses mesmos esposos são os verdadeiros ministros do sacramento, e não o ministro ordenado, que aqui é apenas um assistente! Estes e outro aspectos fazem do matrimónio cristão um sacramento diferente.
Mas, apesar de tudo isto, o matrimónio é um sacramento, um verdadeiro sacramento, tão sacramento como os restantes do septenário. Sabendo que «sacramento» significa «sinal» (sinal visível de uma realidade invisível: o amor de Deus), o matrimónio é sacramento (= sinal) da Aliança de Deus com os homens, do amor de Cristo pela Sua Igreja (como encontramos no epistolário paulino) e pela humanidade em geral.
É esta dupla faceta (por um lado tão diferente na sua configuração; mas, por outro, verdadeiro sacramento), que foi e continua a ser origem de controvérsias, que me atrai neste tema e me levou a decidir fazer a minha tese sobre «a sacramentalidade de um sacramento diferente».

O objectivo da minha dissertação de mestrado é, portanto, estudar como um sacramento, apesar de tão diferente, é, também e plenamente, um verdadeiro sacramento.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Dias disse...

Parece que o Evangelho do 4º domingo do Advento, vem a propósito do matrimónio dos sacerdotes.
S. João Baptista, filho da Santa Isabel, prima de Nossa Senhora, foi filho de um sacerdote, Zacarias.
Santa Isabel, dada a sua adiantada idade, teve este filho, por Divina intercepção, mas não deixa de ser verdade que seu marido era Sacerdote.
Isto precisa uma clarificação do Diácono Orlando, para mim que sou um leigo
Abração