“A fé é garantia das coisas que se esperam e certeza
daquelas que não se vêem.”
(Hebreus 11, 1)
(Hebreus 11, 1)
A fé, tal como a
esperança, é para este mundo, para esperar com perseverança aquilo que ainda
não vemos, enquanto não chegamos a essa meta em que veremos Deus face a face. A
fé, lança-nos, portanto, para o futuro.
E, por isso, é a coragem de ultrapassar as aparências, de ver para a além do
que é visível.
Rom 8, 22-27:
“Nós sabemos que
toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela,
mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente,
esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo. É em esperança que estamos salvos, pois ver o que se espera não é
esperança: quem espera o que já vê? Mas esperar o que não vemos é esperá-lo com
perseverança. Também o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza,
porque não sabemos o que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito
intercede por nós com gemidos inefáveis.”
Acerca de Abraão,
que acreditou na promessa de Deus e morreu ainda antes do seu cumprimento
total, mas acreditando que Deus não falharia, diz o Catecismo da Igreja
Católica:
146. Abraão realiza assim a definição da fé dada pela
Epístola aos Hebreus: «A fé constitui a garantia dos bens que se esperam, e a
prova de que existem as coisas que não se vêem» (Heb 11, 1). «Abraão
acreditou em Deus, e isto foi-lhe atribuído como justiça» (Rm 4, 3).
«Fortalecido» por esta fé (Rm 4, 20), Abraão tornou-se «o pai de todos
os crentes» (Rm 4, 11. 18).
Isto coloca-nos
várias interrogações…
Deus existe?
É possível chegar a
Deus observando a natureza e o universo. Há uma “teologia natural”, ou “teologia
filosófica”, com base na inteligibilidade do universo.
Para muitos
cientistas, a forma como o caos se encaminha inexplicavelmente no sentido de gerar
espontaneamente a ordem (o que aconteceu no processo da formação do universo, e
não só…), a maneira como todo o cosmos parece “conspirar” a favor do
aparecimento (e da manutenção!) da vida, tudo isso revela, para eles, atributos
divinos, como consciência e intenção.
A grande questão da
filosofia é “por que existe alguma coisa em vez do nada?” (Leibniz). Imaginemos
o nada… qualquer coisa que existisse, por minúscula que fosse, teria já o
“super-poder” de aniquilar o nada! Pois aí existiria já alguma coisa…
Ora, se existe
alguma coisa (disso nós temos 100% a certeza, quanto mais não seja porque se
“penso, logo existo” (Descartes)), então é porque algo ou Alguém teve que dizer
um grande “sim” para que exista alguma coisa em vez de nada! (YouCat, preparação
para o Crisma).
Se o mundo existe é
porque algo o gerou; e algo que tem que ser exterior a ele, algo que transcenda
o universo, pois aquilo que o provocou não pode fazer parte dele; aquilo que
fez irromper o espaço e o tempo não pode fazer parte do espaço e do tempo!
(YouCat)
Por isso, muitos
(cientistas, filósofos) chegam à conclusão que existe um deus observando a
inteligibilidade que marca o universo, a maneira sábia como a natureza está
organizada, como se fosse um relógio. Este mundo é uma “máquina” tão perfeita
que tem que haver uma inteligência por trás dela.
Só que esse deus
relojoeiro, o deus dos filósofos, ainda não é o Deus de Israel nem de Jesus
Cristo. Esse deus nem sequer é pessoal. É apenas uma inteligência cósmica
universal, abstrata, não uma pessoa. Esse é o deus da maçonaria, não é o Deus
da revelação (por isso a Igreja deixa bem claro que não se pode ser cristão e
maçon ao mesmo tempo). E um deus assim até um ateu quase podia aceitar.
Ao deus dos
filósofos e dos cientistas chega-se pela luz natural da razão; mas para chegar
ao nosso Deus não basta a nossa inteligência, é preciso que Deus Se revele…
Deus é Pessoa (a Aliança)
Abraão, o nosso pai
na fé: o primeiro homem a quem Deus falou, isto é, a quem Se revelou. Com ele
estabeleceu uma aliança:
«Deixa a tua terra,
a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar. Farei de ti um grande povo, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu
nome e serás uma fonte de bênçãos. Abençoarei aqueles que te
abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem. E todas as famílias da
Terra serão em ti abençoadas.» (Gn 12, 1-3).
O conceito de
aliança é fundamentalíssimo em toda
a Sagrada Escritura, que é como quem diz, em toda a história de Deus com os
homens. Uma aliança só pode ser firmada entre pessoas. O nosso Deus é pessoa e revela-Se aos homens
comunicando-lhes os seus desígnios de amor e até estabelecendo aliança com
eles.
A fé não é um
conjunto de valores, nem de ideias, nem de normas morais, porque normas e
valores morais também os têm as pessoas sem fé… Embora a fé tenha consequências
morais (se não as tivesse seria uma hipocrisia), não se resume a elas e nem
sequer consiste nelas: a fé é uma relação
viva com Alguém que eu acredito e
sei que está vivo. E a relação só acontece entre pessoas, como é o caso da aliança. Mesmo que as tábuas da Lei possam
ser o documento marcante de uma aliança, o compromisso não é com essas normas
morais, mas com um Deus que é pessoa.
Deus é Trindade!
Mas em Cristo Deus
estabeleceu uma Nova Aliança. E com Cristo descobrimos que Deus não só é pessoa
como até é três Pessoas! A Santíssima Trindade, o único caso em que três
Pessoas não são três deuses mas um só Deus.
Também é caso único
em toda a história Deus fazer-Se homem. Por isso, Jesus Cristo, tornando-Se verdadeiro
homem sem deixar de ser, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus, é a maior revelação
que Deus podia fazer de Si mesmo. Depois que o próprio Deus veio ter connosco
para viver a nossa vida, em tudo igual a nós excepto no pecado, está dito tudo
o que havia a dizer sobre Deus; está dita a mais bela Palavra de Deus à
humanidade. Por isso, Jesus bem pode dizer: “ninguém vai ao Pai senão por Mim”
(Jo 14, 16).
A morte de um outro
qualquer não teria o poder de nos salvar; mas, porque Ele é o Filho de Deus e é
Deus com o Pai, o seu sacrifício voluntário, morrendo por nosso amor na cruz,
tem o poder de nos perdoar os pecados e nos dar a vida eterna.
Deus é Amor!
A Santíssima Trindade
é um mistério insondável para a nossa inteligência e linguagem, que são humanas
e, portanto, limitadas. No entanto, descobrimos que faz todo o sentido Deus ser
Trindade! Dizer que Deus é Trindade é, no fim de contas, dizer que Deus é Amor.
Se Deus é Trindade, então não é solidão,
mas Amor. A comunicação de Amor no seio da própria Trindade Santíssima diz-nos
que Deus é Amor em Si Mesmo. Como o amor não se vive sozinho, o mistério da
Santíssima Trindade revela-nos que, mesmo ainda antes de criar o homem, Deus já
era Amor em Si mesmo.
Como é pobre
ficarmo-nos apenas por dizer “Deus existe”! Não nos preocupa apenas saber se
Deus existe (os ateus é que se ficam por aí, e para negar, claro). Não nos
preocupa apenas saber se Deus existe: nós queremos saborear o Seu amor!
A aventura de crer
Isto lança-nos na
aventura que é crer. Aventura porque crer tem o seu risco. Mas é também, por isso
mesmo, é uma atitude de amor, já que estou a confiar mesmo sem ter todas as
evidências a 100%: há uma parte gratuita (e, portanto, de doação amorosa) no
meu acto de crer.
A fé é a resposta do
homem à revelação que Deus faz de Si Mesmo. Diz o Catecismo da Igreja Católica:
142. Pela sua revelação, «Deus invisível, na riqueza do seu amor, fala aos
homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão
com Ele». A resposta adequada a este convite é a fé.
143. Pela fé, o
homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade; com todo o seu
ser, o homem dá assentimento a Deus revelador. A Sagrada Escritura chama
«obediência da fé» a esta resposta do homem a Deus revelador.
154. O acto de fé
só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas
não é menos verdade que crer é um acto
autenticamente humano. Não é
contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir
às verdades por Ele reveladas. Mesmo nas relações humanas, não é contrário
à nossa própria dignidade acreditar no que outras pessoas nos dizem acerca de
si próprias e das suas intenções, e confiar nas suas promessas […]
156. O motivo de crer não é o facto de as verdades
reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão
natural. Nós cremos «por causa da autoridade do próprio Deus revelador, que não
pode enganar-se nem enganar-nos». «Contudo,
para que a homenagem da nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que os
auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados de provas exteriores
da sua Revelação». Assim, os milagres de Cristo e dos santos, as profecias,
a propagação e a santidade da Igreja, a sua fecundidade e estabilidade «são
sinais certos da Revelação, adaptados à inteligência de todos», «motivos de
credibilidade», mostrando que o assentimento da fé não é, «de modo algum, um
movimento cego do espírito».
160. Para ser humana, «a resposta da fé, dada pelo homem a
Deus, deve ser voluntária. Por conseguinte, ninguém deve ser constrangido a
abraçara fé contra vontade. Efectivamente, o acto de fé é voluntário por sua
própria natureza»
A minha fé é a fé da Igreja!
“Eu cá tenho a minha
fé”!?... Eu cá tenho a fé da Igreja!
É verdade que a fé minha
na medida em que é decisão pessoal; tenho que ser eu a assumi-la; a fé não
nasce enquanto Jesus Cristo for Alguém de Quem eu ouvi falar, mas só nasce
quando eu faço experiência de Jesus Cristo. A fé é decisão pessoal… mas, para
que seja sólida, há que ser não apenas a “minha fé”: precisa de ser a fé da
Igreja!
Quando tenho a
“minha fé”, tenho uma fé subjectiva, criada por mim, á minha maneira, de acordo
com as minhas opiniões (que podem estar muito certas ou muito erradas) e, acima
de tudo, de acordo com as minhas conveniências. Uma fé que é apenas a “minha
fé” o mais certo é ser apenas um produto da minha imaginação.
Pelo contrário,
quando assumo como minha a fé da Igreja, estou a dar o meu assentimento a algo
que é maior do que eu próprio! A algo que vem de muito antes de mim; e antes de
mim não é só dos meus pais ou avós: é desde os Apóstolos! Que é o mesmo que
dizer desde Cristo! E aí eu não erro, pois estou a sair do horizonte da minha
simples opinião falível.
A sucessão apostólica
Muitos discípulos
seguiam Jesus, mas de entre eles Jesus escolheu doze apóstolos. Os apóstolos eram
discípulos, mas nem todos os discípulos eram apóstolos. Aqueles doze Jesus
preparou-os de um modo especial para uma missão especial. A eles confiou o
ministério do sacerdócio, do perdão dos pecados, de expulsar demónios, de serem
os alicerces da sua Igreja.
E, como eles eram
mortais e não iam durar para sempre, transmitiram esse dom, esse ministério que
receberam directamente de Cristo, a outros que continuassem a missão ao longo
dos tempos, pelo gesto da imposição das mãos, isto é, a ordenação (mesmo que
inicialmente não fosse ainda chamada com esse nome). E esses, por sua vez,
impuseram as mãos a outros, e esses a outros… até chegar aos nossos bispos
actuais. Há, portanto, uma cadeia ininterrupta desde os doze apóstolos de
Cristo até cada um dos nossos bispos actuais. Chamamos a isto “sucessão
apostólica”. Os bispos são sucessores dos apóstolos e é esta cadeia de sucessão
de ordenações válidas e sem interrupções, sem quebrar a cadeia que vem desde os
apóstolos, [é isto] que garante a eficácia dos sacramentos e a fé autêntica.
Este ministério de
ser pastor da Igreja e de garantir a verdadeira fé e a eficácia dos sacramentos
foi dado por Cristo aos apóstolos (e, portanto, aos seus sucessores), a começar
por Pedro, que Cristo estabeleceu como o primeiro entre eles:
«Tu és Pedro, e
sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão
contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que
ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será
desligado no Céu.» (Mt 16, 18-19).
A São Pedro, para
além de ter sido confiado o mesmo ministério que aos outros apóstolos, Jesus
ainda confiou mais a missão de confirmar os seus irmãos na fé: «Simão, Simão,
olha que Satanás pediu para vos joeirar como trigo. Mas Eu
roguei por ti, para que a tua fé não desapareça. E tu, uma vez convertido,
fortalece os teus irmãos.» (Lc 22, 31-32).
De facto, conhecemos
o nome de todos os Papas desde São Pedro até ao Papa Francisco, uma cadeia de
sucessão ininterrupta que faz com que cada um desses homens ao longo dos tempos
fosse Pedro, a garantir a unidade da igreja, a confirmar os irmãos a unidade de
uma mesma fé.
Perante tudo isto,
compreendemos agora ainda melhor como é ridículo alguém dizer “eu cá tenho a
minha fé” e achar que ainda é mais católico do que os outros.
Não se pode ser
católico (e, atrevo-me ousadamente a dizer que até, de algum modo, não se pode
ser completamente cristão) sem estar em comunhão com a única Igreja que está
fundada “sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular
o próprio Cristo Jesus” (Ef 2, 20). Estar com o Bispo é estar com a Igreja e
ter a fé autêntica; estar em comunhão com o Papa é estar em comunhão com a
verdadeira fé.
FIM
* * *
TEXTOS EXTRA…
Ef 2 - Judeus e pagãos unidos em Cristo - 11Lembrai-vos, portanto,
de que vós outrora - os gentios na carne, os chamados incircuncisos por aqueles
que se chamavam circuncisos, com uma circuncisão praticada na carne - 12lembrai-vos de que nesse tempo estáveis sem Cristo,
excluídos da cidadania de Israel e estranhos às alianças da promessa, sem
esperança e sem Deus no mundo. 13Mas em Cristo Jesus,
vós, que outrora estáveis longe, agora, estais perto, pelo sangue
de Cristo. 18Porque,
é por Ele que uns e outros, num só Espírito, temos acesso ao Pai. 19Portanto, já
não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros
da casa de Deus, 20edificados sobre o alicerce dos
Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. 21É nele que toda a construção, bem ajustada, cresce
para formar um templo santo, no Senhor. 22É nele que
também vós sois integrados na construção, para formardes uma habitação de Deus,
pelo Espírito.
1ª Tim 1
3Quando parti para a Macedónia, recomendei-te que
ficasses em Éfeso, para dissuadir alguns de ensinarem doutrinas estranhas 4e de se ocuparem de fábulas ou de genealogias
intermináveis, que favorecem mais as discussões do que o desígnio de Deus que
se realiza na fé. 5O objectivo desta recomendação é o amor que procede de
um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera. 6Por
se terem afastado desta linha, alguns perderam-se em discursos vãos. 7Pretendendo
serem mestres da lei, não sabem nem o que dizem, nem o que afirmam com tanta
segurança.
A evolução do dogma cristão - Da Primeira Exortação de S. Vicente de Lerins,
presbítero (Sec. V)
Não haverá progresso
algum dos conhecimentos religiosos na Igreja de Cristo? Há, sem dúvida, e muito
grande.Com efeito, quem será tão malévolo para com a humanidade e tão inimigo de Deus que pretenda impedir este progresso?
Mas é preciso que seja um verdadeiro progresso da fé e não uma alteração da fé. Verifica-se um verdadeiro progresso quando uma coisa se desenvolve sem deixar de ser ela mesma; dá-se uma alteração quando deixa de ser o que é, e se transforma noutra.
É necessário portanto que, através das idades e dos 4 séculos, cresça e se desenvolva continuamente a inteligência, a ciência e a sabedoria de todos e cada um, de cada homem e de toda a Igreja Mas este desenvolvimento ria fé deve dar-se segundo a sua natureza, isto é, conservando a identidade do dogma, da doutrina e do seu significado.
O conhecimento religioso das almas imita no seu desenvolvimento a estrutura dos corpos Estes crescem e desenvolvem-se através dos anos, mas conservam sempre a sua natureza. Há uma grande diferença entre a flor da infância e a maturidade da velhice; mas os que atingem a velhice são os mesmos que outrora eram adolescentes. Mudam a condição física e a aparência do homem; no entanto continua igual a sua natureza, permanece idêntica a sua pessoa.
São pequenos os membros dos recém-nascidos e grandes os dos jovens; e contudo, os membros são os mesmos.
Os adultos têm o mesmo número de órgãos que as crianças e se é verdade que alguns órgãos vão aparecendo com o processo de desenvolvimento, eles encontravam-se já incluídos no embrião, de tal modo que nada de novo se revela nos mais velhos que não estivesse já latente nas crianças.
Sobre isto não há dúvida alguma. É esta a norma legítima de todo o progresso, são estas as eis maravilhosas de todo o crescimento: com o decorrer dos anos, vão-se manifestando nos adultos aquelas perfeições que a sabedoria do Criador tinha formado previamente no corpo do recém-nascido.
Se um ser humano mudasse de tal modo que viesse a apresentar uma estrutura não correspondente a sua espécie. quer aumentando quer subtraindo algum dos seus membros, necessariamente pereceria todo o organismo ou converter-se-ia num ser monstruoso ou pelo menos ter-se-ia gravemente deformado. Também o dogma da religião cristã deve seguir estas leis de desenvolvimento: fortalece-se com o decorrer dos anos, desenvolve-se através das idades, cresce com o andar dos tempos.
Os nossos antepassados semearam outrora neste campo da Igreja a semente da fé. Seria gravemente iníquo e incongruente que nós, seus descendentes, substituíssemos a autêntica verdade daquele trigo pelo erro da cizânia.
A retidão e a coerência exigem que não haja contradição entre a raiz e os seus frutos: se eles semearam o trigo da verdadeira doutrina, o fruto que se há-de colher é o trigo do verdadeiro dogma; e se há sempre alguma porção daquelas primitivas sementes que se pode ainda desenvolver com o andar dos tempos, isso deve continuar a ser objeto de uma feliz e frutuosa cultura.
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