Origem da festa da Páscoa
A Páscoa começou por ser uma festa de pastores nómadas anterior a Moisés e comum a outros povos para além do povo hebreu. Era a festa da Primavera, quando a vida recomeçava, quando os pastores partiam com o gado em busca de novas pastagens. Na primeira lua cheia da Primavera sacrificava-se um cordeiro (Êxodo 3,18) cuja carne era assada ao fogo e comida com pão sem fermento e ervas amargas. Comia-se em situação de quem estava em viagem. O sangue do cordeiro (sangue, símbolo da vida) era aspergido sobre as entradas das casas ou tendas como prece para que fosse protegida a vida das pessoas e dos animais
A Páscoa e o Êxodo
É este rito pastoril que os israelitas vão transformar na sua mais importante festa: a festa comemorativa da sua saída da escravidão do Egipto. Páscoa significa passagem: passagem da não-vida para a vida, a primavera do povo de Deus, a maneira extraordinária como Deus os reuniu, os libertou, os fez nascer como povo. Mas esta celebração nunca foi um simples recordar, não era pensar nos antepassados que foram, há séculos, libertos da escravidão. Não! Em cada geração, cada membro deste povo, ao celebrar todos os anos a Páscoa, há-de considerar-se a si mesmo como salvo do Egipto. Celebrar o Êxodo é torná-lo vivo, presente, é sentir que hoje Deus nos liberta de tantos "egiptos". É também uma festa de futuro, de esperança escatológica: celebrar a Páscoa é atirar-se na esperança para um futuro de vida que esperamos do SENHOR.
A Páscoa de Jesus
A Páscoa de Jesus é a sua passagem deste mundo para o Pai. Na última ceia, Ele antecipa sacramentalmente a Sua entrega livre e consciente. Toda a Sua vida foi um fazer-Se pão partido para dar vida à humanidade (João 6); agora, em plena ceia da Páscoa judaica, Ele apresenta-Se como o verdadeiro Cordeiro pascal, que Se vai oferecer em sacrifício pela vida de todos. E a Páscoa judaica, recordação e esperança da grande libertação, é transformada, ultrapassada em absoluto: agora a Páscoa torna-se a libertação completa do pecado e da morte, torna-se o dom completamente gratuito da vida. É a Páscoa de Jesus!
A nossa Páscoa
Pela celebração da eucaristia, esta Páscoa de Jesus, embora seja irrepetível, torna-se presente aqui e agora, para nós! É viver hoje a salvação de Jesus, de uma maneira ainda mais perfeita do que os judeus vivem hoje o Êxodo, apesar de terem passado séculos. E é esperança escatológica para o futuro. Celebrar a Eucaristia é tomar parte na doação pessoal de Jesus. É memória que torna presente Deus que actuou no passado em nosso favor, que actua no presente e há-de continuar a actuar no futuro. Cristo é a nossa Páscoa: viver a Páscoa é viver o próprio Cristo imolado e ressuscitado.
Publicado no Astrolábio, boletim das paróquias de Ervedal da Beira, Lagares da Beira, Lageosa, Lagos da Beira, Meruge, Seixo da Beira e Travanca de Lagos.
Bibliografia consultada: António Maria Bessa Taipa, O Mistério da Páscoa, in A Celebração do Mistério Pascal - Tríduo Pascal (VIII Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica), Boletim de Pastoral Litúrgica, Fátima Janeiro/Setembro de 1983, páginas 7 a 18.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
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