Viver a Páscoa também é revisitar toda a História da Salvação e redescobrir a forma como Deus Se foi revelando a pouco e pouco até ser plenamente revelado em Jesus Cristo, especialmente na Sua Páscoa.
Deus chamou Abraão («Deixa a tua terra e vai para terra que Eu te indicar»); fez aliança com ele e prometeu dar-lhe descendência numerosa. De facto, é de Abraão que descende todo o povo de Israel, que havia de ser escravizado no Egipto.
Mas Deus continuou a revelar-Se, mostrando que é o único Deus: enviando Moisés, para libertar esse povo da escravidão do Egipto, Deus revela-Se mais um pouco aos homens, por meio de um acontecimento de salvação, libertação, que faz o povo de Deus descobrir que Aquele que era o Deus dos seus antepassados (a começar por Abraão) é o único Deus e não há outro. Os dez mandamentos tornaram-se o vínculo pelo qual foi reforçada a aliança já feita entre Deus e Abraão e a sua descendência.
Mas a história da salvação continuou, e Deus também continuou a revelar-Se aos homens: por meio dos profetas, o povo de Israel descobre que o SENHOR, para além de ser o Deus dos seus pais e o único Deus, Aquele que os libertou do Egipto, é também o Criador, Aquele que chamou do nada à existência todas as coisas, Aquele que dispôs harmoniosamente e com sabedoria todos os elementos da natureza.
Esta descoberta de Deus como Criador não foi, portanto, a primeira descoberta de Israel: o que está na base da fé do povo de Deus é, em primeiro lugar, a experiência de salvação que foi a libertação da escravidão do Egipto; só depois de fazer essa experiência de Deus como salvador é que o povo de Deus chega à conclusão de que o seu Deus é também Aquele que tudo criou. E isto não é de estranhar se pensarmos que criar já é, em si mesmo, um acto de salvação: ao criar, Deus está a salvar do “nada”, a resgatar da inexistência algo que passa a existir. Ser criado é ser libertado do nada, pois antes de sermos criados “não somos”, não existimos.
Esta descoberta de Deus como Criador acaba por conduzir a outra que é consequência dela: se Deus é Criador, então, também é Redentor. Se Ele é capaz de criar, também é capaz de re-criar. Se Ele chamou do nada todas as coisas, “resgatando-as” da inexistência para que passem a existir, então também é capaz de as restaurar, de as refazer, e até de as recuperar se elas se perderem de todo. Aquilo que parece não ter conserto possível, Deus pode restaurar plenamente.
E é assim que, nos escritos mais tardios do Antigo Testamento, começa a surgir algo de novo que até ali não era claro: a esperança na ressurreição. Se Deus nos chamou do nada a esta vida, muito mais facilmente nos poderá chamar novamente à vida a partir do pó a que nos reduzimos.
Finalmente, no Novo Testamento, Jesus Cristo vem confirmar em pleno essa esperança de vida eterna e oferece-la: Ele ressuscitou para não mais morrer: nós ressuscitaremos também!
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