sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Vou ler para aprender

Para nós, cristãos católicos, Jesus está realmente presente no pão e no vinho consagrados: embora o pão e o vinho continuem a saber a pão e a vinho, a sua essência torna-se outra; o seu aspecto e constituição física são de pão e vinho, mas a sua essência é a pessoa do próprio Senhor Jesus, vivo e ressuscitado. Os irmãos protestantes defendem a “consubstanciação” (ou “impanação”), ou seja, dizem que a presença de Jesus no pão e no vinho é apenas simbólica e que dura apenas durante aquele momento da celebração; e que depois até se poderia deitar fora porque o Senhor já não estaria no pão e no vinho. Nós, porém, como católicos, cremos na “transubstanciação”, ou seja, defendemos que Jesus está presente no pão e no vinho realmente, e não apenas simbolicamente; e que esta presença divina dura para além da celebração, pelo que as hóstias consagradas devem ser adoradas com fé e amor e defendidas da profanação, porque elas são o próprio Deus! Na verdade, antes eram pão, mas aconteceu uma transformação do seu ser (= transubstanciação) durante a Missa, na consagração. Portanto, se alguém cometeu pecado mortal (isto é, grave) não deve comungar sem antes se purificar através de uma confissão bem feita.

5 comentários:

Anónimo disse...

Por favor sr. padre Orlando, especifique quais os "pecados mortais" que requerem uma purificação pela Confissão.
Obrigado

P. Orlando Henriques disse...

Caro Internauta

Pede-me para especificar QUAIS os pecados que são “mortais”, mas eu não sei se me devo atrever a fazer uma lista, a dizer que “este” pecado, em concreto, é mortal e “aquele” não é, e explico porquê:

A doutrina da Igreja faz a distinção entre “pecados mortais” e “pecados veniais” e a diferença entre eles está no grau de gravidade da falta. Os “pecados mortais” são os pecados graves que cometemos. Os “pecados veniais” que são os pecados mais leves (no que diz respeito à gravidade) que cometemos.

O Catecismo da Igreja Católica (no nº 1857) diz que se requerem três condições para que o pecado seja MORTAL:
1 - Que a matéria desse pecado seja grave;
2 – Que esse pecado seja cometido com plena consciência;
3 - E que esse pecado seja cometido deliberadamente.

Por isso, caro internauta, para saber quais os pecados graves (mortais) que requerem uma purificação pela confissão, há que avaliar a sua gravidade. Matar, cometer adultério, roubar, mentir, levantar falsos testemunhos, faltar à Missa dominical, exercer qualquer tipo de violência, fisicamente ou moralmente, difamar, etc., são alguns exemplos de pecados com matéria grave. Mas estes são APENAS ALGUNS: na ampla complexidade da vida prática (e a vida prática é mesmo muito complexa!) aparecem inúmeros casos de matéria grave. Por isso não me atrevo a fazer uma lista exaustiva. Além disso, caro Internauta, depois de verificarmos se há ou não matéria grave, ainda é necessário avaliar até que ponto houve ou não plena consciência de se estar a incorrer numa falta grave; e até que ponto a acção foi deliberada e de livre vontade. Mas, embora essas atenuantes não sejam de desprezar, isso não deve servir para desculpas fáceis: creio que habitualmente estamos conscientes e actuamos deliberadamente.

Diz o Catecismo da Igreja Católica (no nº 1856) que o pecado mortal é aquele que destrói a caridade (dada a sua gravidade), e assim nos desvia de Deus, separa-nos dele e, por isso torna-se necessário que Deus restabeleça a ligação que foi quebrada. Os pecados veniais embora firam a caridade não a destroem. Por isso, os pecados mortais requerem necessariamente a confissão; os veniais não necessariamente, embora também os possamos acusar em confissão.

P. Orlando Henriques disse...

Já agora, caro Internauta, aqui lhe deixo os números do Catecismo da Igreja Católica que falam sobre este tema da gravidade do pecado (do nº 1854 ao nº 1864):

IV. A gravidade do pecado: pecado mortal e pecado venial
1854. Os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. A distinção entre pecado mortal e pecado venial, já perceptível na Escritura (94), impôs-se na Tradição da Igreja. A experiência dos homens corrobora-a.
1855. O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infracção grave à Lei de Deus. Desvia o homem de Deus, que é o seu último fim, a sua bem-aventurança, preferindo-Lhe um bem inferior. O pecado venial deixa subsistir a caridade, embora ofendendo-a e ferindo-a.
1856. O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, torna necessária uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração que normalmente se realiza no quadro do sacramento da Reconciliação:
«Quando [...] a vontade se deixa atrair por uma coisa de si contrária à caridade, pela qual somos ordenados para o nosso fim último, o pecado, pelo seu próprio objecto, deve considerar-se mortal [...], quer seja contra o amor de Deus (como a blasfémia, o perjúrio, etc.), quer contra o amor do próximo (como o homicídio, o adultério, etc.) [...] Em contrapartida, quando a vontade do pecador por vezes se deixa levar para uma coisa que em si é desordenada, não sendo todavia contrária ao amor de Deus e do próximo (como uma palavra ociosa, um risco supérfluo, etc.), tais pecados são veniais» (95).
1857. Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em simultâneo, três condições: «É pecado mortal o que tem por objecto uma matéria grave, e é cometido com plena consciência e de propósito deliberado» (96).
1858. A matéria grave é precisada pelos dez Mandamentos, segundo a resposta que Jesus deu ao jovem rico: «Não mates, não cometas adultério, não furtes, não levantes falsos testemunhos, não cometas fraudes, honra pai e mãe» (Mc 10, 18). A gravidade dos pecados é maior ou menor: um homicídio é mais grave que um roubo. A qualidade das pessoas lesadas também entra em linha de conta: a violência cometida contra pessoas de família é, por sua natureza, mais grave que a exercida contra estranhos.
1859. Para que o pecado seja mortal tem de ser cometido com plena consciência e total consentimento. Pressupõe o conhecimento do carácter pecaminoso do acto, da sua oposição à Lei de Deus. E implica também um consentimento suficientemente deliberado para ser uma opção pessoal. A ignorância simulada e o endurecimento do coração (97) não diminuem, antes aumentam, o carácter voluntário do pecado.

P. Orlando Henriques disse...

1860. A ignorância involuntária pode diminuir, ou mesmo desculpar, a imputabilidade duma falta grave. Mas parte-se do princípio de que ninguém ignora os princípios da lei moral, inscritos na consciência de todo o homem. Os impulsos da sensibilidade e as paixões podem também diminuir o carácter voluntário e livre da falta. O mesmo se diga de pressões externas e de perturbações patológicas. O pecado cometido por malícia, por escolha deliberada do mal, é o mais grave.
1861. O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis. No entanto, embora nos seja possível julgar se um acto é, em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.
1862. Comete-se um pecado venial quando, em matéria leve, não se observa a medida prescrita pela lei moral ou quando, em matéria grave, se desobedece à lei moral, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento.
1863. O pecado venial enfraquece a caridade, traduz um afecto desordenado aos bens criados, impede o progresso da pessoa no exercício das virtudes e na prática do bem moral; e merece penas temporais. O pecado venial deliberado e não seguido de arrependimento, dispõe, a pouco e pouco, para cometer o pecado mortal. No entanto, o pecado venial não quebra a aliança com Deus e é humanamente reparável com a graça de Deus. «Não priva da graça santificante, da amizade com Deus, da caridade, nem, portanto, da bem-aventurança eterna» (98).
«Enquanto vive na carne, o homem não é capaz de evitar totalmente o pecado, pelo menos os pecados leves. Mas estes pecados, que chamamos leves, não os tenhas por insignificantes. Se os tens por insignificantes quando os pesas, treme quando os contas. Muitos objectos leves fazem uma massa pesada; muitas gotas de água enchem um rio; muitos grãos fazem um monte. Onde, então, está a nossa esperança? Antes de mais, na confissão...» (99).
1864. «Todo o pecado ou blasfémia será perdoado aos homens, mas a blasfémia contra o Espírito não lhes será perdoada» (Mt 12, 31) (100). Não há limites para a misericórdia de Deus, mas quem recusa deliberadamente receber a misericórdia de Deus, pelo arrependimento, rejeita o perdão dos seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo (101). Tal endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna.

http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s1cap1_1699-1876_po.html

Anónimo disse...

Muito Obrigado Sr. Padre pela explicação sobre Os Pecados Mortais.
Sendo um pecado mortal não ir à missa ao domingo, creio que mais de meio Mundo está cometendo este pecado mortal. Acredito que no tempo em que foram escritos, devesse selo, mas nos dias de hoje, é muito difícil cumprir a muitos católicos este Mandamento.
Obrigado pelo tempo que lhe tomei