Senhora do Mont’Alto, nossa Mãe!
Uma vez mais, aqui estamos aos teus pés, com as nossas velas acesas. Hoje, ao saudar-te, queremos recordar a Fé: tua Fé e a nossa Fé. Nem sempre nos apercebemos disso, mas a Fé é uma das nossas maiores riquezas, talvez a maior. Por isso, nesta noite queremos fazer-te um pedido especial: que a nossa Fé seja fortalecida. Que se torne semelhante à tua própria Fé, ó Mãe, aquela Fé que te levou a dizer “sim” sem ter certezas sobre o que ia acontecer a seguir, que te levou a dizer “sim” mesmo sem entender logo tudo, que te manteve corajosamente junto à Cruz e que te fez exultar de alegria na manhã de Páscoa.
Mãe, as velas que seguramos acesas são as velas do nosso baptismo; representam a vela que foi acesa quando fomos baptizados e que simboliza a nossa Fé. Porque, na verdade, a Fé é tal e qual como uma chama: tal como uma chama, também a fé ilumina, desfaz as trevas à nossa volta e, por isso, ensina-nos a caminhar por onde é caminho seguro e sem tropeçar em obstáculos; por outro lado, a Fé, tal como uma chama, também precisa de ser alimentada! Se a chama não tiver combustível para arder nem oxigénio, começa a definhar e a definhar até que se apaga; assim também a Fé, se for uma fé não-praticante, sem o alimento da oração, da Palavra, dos sacramentos e do Domingo, também começa a definhar e a definhar e pode até mesmo vir a apagar-se. Por isso, Mãe, esta noite, uma vez mais, ensina-nos o que é a Fé e do que é que precisamos para que esta chama não se apague.
Sim, ensina-nos, porque às vezes nem sabemos bem o que é ter Fé. Confundimo-la com outras coisas que não têm nada a ver com a Fé. Ajuda-nos a viver o mistério da Cruz, em vez de vivermos a ilusão de pensar que ter Fé é estar numa redoma de vidro que nos impede de sofrer. Ter Fé não é estar inume ao sofrimento, mas é saber vivê-lo de uma outra maneira. Cristo sofreu, e Tu, Mãe, sofreste com Ele… Por que havíamos nós de ficar zangados com o Pai do Céu se sofremos também? A estrada não é perfeita, por isso ajuda-nos a acordar, a limpar as lágrimas e a lutar como quem tem Fé. Ensina-nos a viver a Cruz não como uma fatalidade, mas como caminho para uma ressureição.
Mãe, às vezes há serpentes venenosas que querem reduzir a nossa fé a peças de museu, a tradições folclóricas, a peças de arte, para que ela deixe ser uma coisa viva que transforma a nossa vida.
Mãe, defende-nos das serpentes venenosas que se infiltraram até nos poderes públicos e nos tentam fazer a lavagem cerebral dizendo que a Fé deve ser uma coisa que tem a ver só com a consciência íntima de cada um e que não deve expressar-se em público.
Mãe, protege os nossos jovens contra os perversos que lhes queimam as consciências juvenis a dizer-lhes que ter fé é hipotecar a nossa liberdade e é deixar de usar a inteligência. Mãe do Céu, até nas nossas escolas essa propaganda asquerosa é promovida! Ali, onde é paga por todos os cidadãos! E paga pelos pais que, com tanto sacrifício, são obrigados a comprar os manuais escolares que alguém decidiu serem aqueles!
Mãe, às vezes não sei se tenho fé ou se tenho apenas religião… Às vezes há religião a mais e Fé a menos! E a prova disso é que a Fé que deixou de ser decisiva nas nossas escolhas do dia-a-dia:
- Dizemos que temos fé, mas o Domingo serve para todos os convívios, passeios e desportos e só não serve, por uma hora que seja, para dedicar a Deus, ao menos na Santa Missa
- Dizemos que temos fé, mas quase ninguém se confessa assiduamente
- Diz-se que se tem fé, mas critica-se a Igreja e a discorda-se de todas as suas leis
- Dizemos que se tem fé, mas há uma pornografia socialmente aceite que toleramos
- Enfim, dizemos que temos fé, mas Deus acaba por passar para segundo lugar nas nossas vidas
Não, Mãe, nós não temos Fé: nós só temos religião!
Olha Mãe, com amor maternal, os jovens que abandonam a Fé dos seus pais. Olha-os com o amor de que tanto precisam. Encontramos tantas pessoas, mas tantas, quer jovens quer menos jovens, que acham que a fé é só para uma determinada idade. Que acham que a fé é o fato da 1ª Comunhão ou da Profissão de Fé, que logo deixou de servir. Tantos acham que viver a Fé é para a idade de catequese e que depois se sentem desobrigados. Como é que é possível, ó Mãe, alguém achar que é normal abandonar a Igreja no final pela adolescência, como se a Fé fosse uma coisa de crianças!? Como é que alguém pode achar lógico deixar a Fé a seguir à Profissão de… Fé!? Decididamente, Mãe, o nosso Deus passou para segundo lugar nas nossas vidas. Segundíssimo lugar. Decididamente, já quase não temos Fé: só temos religião. Os que ainda a têm… Mas, quando Deus tiver o primeiro lugar nas nossas vidas, ai sim, o mundo será melhor!
Mãe, afinal o que é a Fé?
Talvez seja apenas confiar. Confiar em Deus da mesma maneira que uma criança confia no pai e na Mãe. Os que não têm Fé são aqueles que ainda não descobriram que hão-de confiar n’Ele como um bebé se confia totalmente à mãe e aos pais, sabendo que depende deles, mas sem se revoltar nada com isso, pelo contrário.
Nós já sabemos que Deus é Pai. Mas ainda não estamos bem seguros disso. E quanto mais seguros estivermos dessa certeza, talvez seja maior a nossa Fé.
Tu, que és Mãe, ajuda-nos a descobrir o rosto do Pai.
Com o Filho, que trazes ao colo e que é o Caminho a Verdade e a Vida, abençoa as nossas famílias. Abençoa as nossas empresas, pequenas e grandes, e todos os que lutam pelo pão de cada dia. Abençoa as nossas escolas. Abençoa os que nos governam, para que promovam o bem comum. Abençoa aqueles que se dedicam generosamente ao voluntariado. Abençoa os nossos grupos paroquiais e todos os que se dedicam à actividade pastoral, para que a boa notícia que é o teu Filho chegue a todo o lado.
Abençoa, por mais um ano, todos este peregrinos, de perto e de longe. Assim seja.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
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