sábado, 17 de novembro de 2012

Domingo XXXIII do Tempo Comum, ano B

Tanto a 1ª leitura de hoje como o Evangelho são discursos de género apocalíptico. Esta maneira de escrever e de falar umas vezes refere-se a catástrofes, outras vezes apresenta símbolos que nos podem parecer um pouco estranhos. Mas a mensagem destes textos não é negativa. O objectivo não é meter medo às pessoas. Pelo contrário, a finalidade é dar esperança e fortalecer a fé, até porque são textos que foram escritos em momentos difíceis, normalmente momentos de perseguição, de crise, de sofrimento, épocas em que o povo se interrogava como e quando acabaria o seu sofrimento.

Estes textos quase sempre nos remetem para o fim dos tempos. As catástrofes de que aqui se fala significam que haverá uma decisiva e poderosa intervenção de Deus e que acontecerá a vinda do reino de Deus no fim dos tempos, para além da história humana, isto é, para além deste mundo, inaugurando um mundo novo, já que este mundo está destinado a desaparecer um dia.

Na verdade, “o cenário deste mundo é passageiro”.
O Senhor diz hoje no Evangelho que “o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu”… E a verdade é que nenhuma dessas coisas é eterna. Tudo neste mundo físico tem um fim. Tudo tem uma duração limitada e há-de acabar: o sol, a lua, as estrelas, a Terra,… e até a maldade dos homens! Só a bondade e a justiça é que permanecerão eternamente. A 1ª leitura é clara quando diz que nesse tempo haverá angústia mas, para o povo de Deus, vai ser tempo de libertação e salvação: “Será um tempo de angústia, como não terá havido até então, desde que existem nações. Mas, nesse tempo, virá a salvação para o teu povo, para aqueles que estiverem inscritos no livro de Deus.” O Dia do Senhor só pode ser terrível para quem estiver contra o Senhor. Só o pode ser para os criminosos e os perversos. Se, neste mundo, tudo tem fim, até a maldade humana (felizmente), as boas obras, pelo contrário, permanecem eternamente, bem como aqueles que as praticam, como nos garante a leitura ao dizer que “os sábios resplandecerão como a luz do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade.” Também Jesus no Evangelho diz que o Filho do Homem “mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais”.

Portanto, a mensagem que a 1ª leitura e o Evangelho nos anunciam não é de medo, mas é de esperança: vão acabar a maldade, a injustiça, a crise, a perseguição, porque já está a surgir um reino de justiça e de paz, o Reino de Deus.

O fim dos tempos, mais do que a destruição da terra, significa a vinda do Reino de Deus o momento histórico da intervenção de Deus em que salvará os que lhe são fiéis.

Por isso, agora compreendemos melhor porque é que os primeiros cristãos desejavam tanto a vinda final de Cristo. Eles clamavam (e nós continuamos a clamar!): Vem, Senhor Jesus!

As palavras do Salmo responsorial que cantámos referem-se claramente a Cristo. Mas nós podemos assumi-las como nossas, e, neste desejo da vinda do reino de Deus, podemos aplica-las a nós mesmos, rezando: Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção. Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,alegria plena em vossa presença, delícias eternas à vossa direita.